Entidades enviam carta a Lula pedindo indicação de ministra negra no STF

A estátua nesta imagem é uma representação de Xangô, o Orixá da Justiça nas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. A imagem original foi editada para substituir a tradicional estátua "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, por esta figura.

 

Educafro e as demais entidades afirmam que há mulheres e homens afro-brasileiros habilitados para serem "excelentes ministras e ministros do STF"

Carta foi escrita há 15 dias, antes mesmo do ministro Luís Roberto Barroso anunciar a aposentadoria do STF - (crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A associação civil sem fins lucrativos Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro Brasil) e outras 20 entidades enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo que a comunidade afro-brasileira tenha mais representatividade, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), com a indicação de um ministro ou ministra negra.

"Sugerimos que o presidente Lula os convide para um jantar no Palácio Alvorada, pois, segundo alguns setores da imprensa, Lula só irá escolher pessoas próximas a ele. Como poderemos ser próximos se a exclusão (até para jantar), por parte da esquerda, é cruel? Quantos negros/as Lula já convidou para jantar com ele no Alvorada?", diz um trecho da carta.

O texto foi escrito há 15 dias, antes mesmo de o ministro Luís Roberto Barroso anunciar oficialmente a aposentadoria do STF. Com a vaga aberta, movimentos sociais cobram que Lula indique uma mulher para o posto, pois a Corte tem apenas uma ministra, Carmén Lúcia. Também há a pressão que a pessoa indicada seja negra.

No entanto, os nomes mais cotados para a vaga no STF até agora são o do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A Educafro e as demais entidades parceiras afirmam que há uma quantidade razoável de mulheres e homens afro-brasileiros com doutorado e pós-doutorado, habilitados para serem "excelentes ministras e ministros do STF".

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Leia a carta na íntegra:
Os setores da Comunidade Afro-brasileira que lançam esta CARTA ABERTA, representando dezenas de entidades e outras organizações da sociedade, dedicadas aos direitos dos excluídos, vem comunicar à sociedade e ao Presidente LULA que existem, hoje, uma quantidade razoável de mulheres e homens afro-brasileiros/as com DOUTORADO E PÓS DOUTORADO, do mundo do DIREITO, habilitados para serem excelentes Ministras e Ministros do STF.

Podemos nos limitar e entregar ao Presidente LULA nomes de 10 mulheres e 10 homens afro-brasileiros e, sugerimos que o Presidente LULA os convide para um jantar no Palácio Alvorada, pois segundo alguns setores da imprensa, LULA só irá escolher pessoas próximas a ele. Como poderemos ser próximos se a exclusão (até para jantar), por parte da esquerda, é cruel? Quantos negros/as LULA já convidou para jantar com ele no Alvorada?

Que a DIREITA seja cruel e exclua a população afro-brasileira, é até esperado. Ver a esquerda fazer poucos esforços para incluir essa população no seu ciclo de amizade, é preocupante. Não é mais admissível que a população negra, mesmo altamente qualificada, de esquerda, continue sendo invisibilizada nos processos de escolha política, para cargos de alto nível, especialmente quando se trata de nomeações para posições como o STF. Até quando? Dos mais de 170 Ministros na história, só 3 foram afro-brasileiros. Nem uma mulher AFRO! Absurdo! Desta vez, o Brasil não pode repetir a prática histórica de marginalizar juristas negros, simplesmente porque não pertencem ao círculo pessoal de amizade do Presidente ou de lideranças partidárias que estão no poder e fechados em si mesmos.

O povo negro não pede favor — em sintonia com a ODS 18 (do próprio LULA), exige coerência, justiça histórica e respeito aos méritos de seus quadros.

Solicitamos, com urgência, que Vossa Excelência chame 20 juristas afro-brasileiros para um jantar no palácio e nos explique - pessoalmente como podemos lhe ajudar. Assim será ampliado seu círculo de confiança e diálogo, inserindo juristas negros e negras que possuem trajetórias acadêmicas consolidadas, experiência prática transformadora e compromisso ético com a promoção da justiça em suas várias faces, inclusive a face racial.

É hora de romper com a lógica do “convite dirigido apenas para os conhecidos” e construir um governo que reflita, de forma Republicana e concreta, a rica diversidade do Brasil.

A Convenção Interamericana Contra Todas Formas de Discriminação e Intolerância, já anexada à Constituição Brasileira (e pouco usada pelo primeiro escalão do Governo Federal,) exige uma postura mais REPUBLICANA na escolha de Ministros para o STF.

Colocamo-nos à disposição para apresentar, imediatamente, os currículos desses juristas e dessas juristas afro-brasileiros, CASO LULA SOLICITE, altamente qualificados, para uma primeira aproximação.

Representatividade com excelência jurídica técnica e forte compromisso com os pobres, temos de sobra!

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2025/10/7272217-entidades-pedem-a-lula-indicacao-de-ministra-negra-no-stf.html

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A Lição da Namíbia e a Cadeira Vazia no Brasil: A Urgência de uma Ministra Negra no STF

Enquanto o Brasil debate, a Namíbia faz. Enquanto nosso país patina em promessas de inclusão, a nação do sudoeste africano, forjada na luta contra o apartheid, nos oferece uma lição poderosa sobre o que significa, na prática, construir uma democracia que se pareça com seu povo. Hoje, a Namíbia é governada por uma mulher negra, a primeira-ministra Saara Kuugongelwa-Amadhila, e ostenta um dos mais altos índices de paridade de gênero no parlamento em todo o mundo.

A realidade namibiana não é um acaso. É um projeto. Um projeto que nos obriga a olhar para o nosso próprio espelho e perguntar: por que o Brasil, um país onde mais da metade da população é negra, continua a tratar a presença de mulheres negras nos mais altos espaços de poder como uma utopia e não como uma urgência?

 

O Exemplo da Namíbia: O Poder da Representatividade na Prática

 

A Namíbia alcançou sua independência em 1990, após décadas de uma brutal dominação sul-africana. A memória da exclusão e da violência racial está viva, e foi a partir dela que o país construiu um projeto político de inclusão. A ascensão de mulheres a cargos de liderança, como a primeira-ministra Kuugongelwa-Amadhila e a vice-primeira-ministra Netumbo Nandi-Ndaitwah, é a consequência direta de uma decisão política consciente.

O impacto dessa presença é transformador:

  1. Normalização do Poder: A presença constante de mulheres negras em posições de liderança quebra o estereótipo de que o poder é um espaço masculino e branco. Para as meninas e jovens namibianas, ver mulheres governando não é uma exceção, é a normalidade.
  2. Novas Perspectivas na Política: A inclusão de mulheres, especialmente de mulheres negras que conhecem a fundo as desigualdades, traz para o centro do debate pautas que antes eram negligenciadas: saúde materna, combate à violência doméstica, acesso à educação e justiça econômica.
  3. Avanço na Paridade: Não é coincidência que a Namíbia seja frequentemente listada entre os países com maior representação feminina no parlamento. A liderança feminina no Executivo cria um ciclo virtuoso, incentivando e abrindo portas para que mais mulheres entrem na vida política em todos os níveis.

A Namíbia nos ensina que a paridade não é um favor ou um gesto simbólico; é uma estratégia inteligente para a construção de uma sociedade mais justa e eficiente.

 

O Retrato do Brasil: O Espelho Pálido do Poder

 

Enquanto isso, o Brasil vive um abismo entre o país real e o país oficial. Em 134 anos de história, o Supremo Tribunal Federal (STF) teve 172 ministros. Desses, apenas três foram mulheres — e nenhuma delas negra. Atualmente, temos apenas uma mulher, a Ministra Cármen Lúcia, em uma corte de onze homens.

Essa fotografia pálida e masculina não se restringe ao STF. Ela se repete no Congresso, nos governos estaduais, nos tribunais superiores e no comando das grandes empresas. É a prova de que as estruturas de poder no Brasil continuam sendo um clube fechado, regido pelo que a psicóloga Cida Bento chama de "pacto narcísico da branquitude": um acordo silencioso para proteger o poder, o prestígio e a normalidade do olhar branco sobre o mundo.

 

A Vaga da Reparação e a Mobilização da Sociedade

 

É neste cenário de estagnação e esperança que a aposentadoria do Ministro Luís Roberto Barroso do STF se torna um momento crucial. A vaga aberta não é apenas um cargo a ser preenchido; é uma oportunidade histórica de o Brasil começar a pagar sua dívida com 28% de sua população.

É por isso que a Educafro Brasil se une e apoia com toda a sua força a mobilização da sociedade civil. Um símbolo dessa luta é o abaixo-assinado liderado pela ativista Keit Lima, que, junto a movimentos como o Mulheres Negras Decidem, clama para que o Presidente Lula indique, pela primeira vez na história, uma mulher negra para o STF.

Essa não é uma demanda por "identitarismo", como acusam de má-fé alguns setores. É uma exigência por competência e por justiça. Os nomes de juristas negras de notável saber e trajetória impecável existem e são muitos, como já listado por diversas organizações. A ausência delas no poder não é por falta de mérito, mas por excesso de racismo e machismo.

Uma ministra negra no STF, como bem aponta a advogada Juliana Souza, "traria ao tribunal não apenas uma trajetória individual de mérito, mas uma agenda de inclusão que beneficia toda a sociedade". Ela levaria para a mais alta Corte a perspectiva de quem conhece a violência do Estado não como teoria, mas como experiência de vida.

 

Chamado à Ação

 

A Namíbia nos mostra que é possível. A história nos cobra. O futuro nos exige. A Educafro Brasil convoca toda a sua base, todos os seus aliados e todas as pessoas de bem a se engajarem nesta que é uma das lutas mais importantes do nosso tempo. Assine, divulgue e pressione.

A hora de o Brasil ter uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal é agora.


 

Para Conhecer Mais e Militar Nesta Causa

 

Referências Bibliográficas:

  • BENTO, Cida. O Pacto da Branquitude. Editora Companhia das Letras, 2022.
    • Por que ler: Essencial para compreender os mecanismos invisíveis que garantem a manutenção de privilégios e a exclusão de pessoas negras dos espaços de poder no Brasil.
  • Carneiro, Sueli. Escritos de uma vida. Editora Jandaíra, 2018.
    • Por que ler: Uma coletânea fundamental da filósofa que é uma das maiores pensadoras sobre a condição da mulher negra no Brasil e a necessidade de enegrecer as estruturas de poder.
  • Gonzalez, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Editora Zahar, 2020.
    • Por que ler: Obra clássica que discute a interseccionalidade de raça, gênero e classe e a importância de um feminismo que parta da realidade e da perspectiva das mulheres negras.

Referências Audiovisuais:

  • Documentário "Justiça" (2004), de Maria Augusta Ramos.
    • Por que assistir: Um olhar profundo sobre o funcionamento do sistema de justiça brasileiro, que ajuda a entender a importância de ter perspectivas diversas dentro de um ambiente tão hermético e majoritariamente branco.
  • Entrevista com Sueli Carneiro no programa "Roda Viva" (2021).
    • Por que assistir: Uma aula sobre a história da luta do movimento negro e de mulheres negras no Brasil, com reflexões poderosas sobre a ocupação de espaços de poder. Disponível no YouTube.
  • Debates sobre a indicação ao STF.
    • Como acompanhar: Busque nos canais de jornalismo independente e em programas de debate político (como os do UOL, MyNews, etc.) as discussões sobre a sucessão do Ministro Barroso. Acompanhar os argumentos e os nomes citados é uma forma de se manter informado e ativo.
  • Abaixo-assinado (Link Fictício para Ilustração):

O Silêncio que Adoece a Alma: Um Chamado à Justiça e à Dignidade no Ambiente de Trabalho

Minhas irmãs, especialmente a vocês, mulheres negras, que realizam jornadas diárias em espaços que não foram construídos para acolher sua plena dignidade. Falemos com a clareza do Evangelho e a força da Constituição sobre o ambiente de trabalho, um lugar onde estruturas de poder e preconceito se entrelaçam para criar um campo minado de violências que ferem o corpo e a alma.

Um espaço que, para nós, muitas vezes exige uma armadura extra. Onde nossa competência é testada em dobro, enquanto nossas vozes são silenciadas. A cultura do silêncio corporativo, frequentemente regida por uma fraternidade mal compreendida que protege os seus em vez de proteger a verdade, torna-se ainda mais densa quando a vítima é uma de nós. O custo disso é a nossa saúde, nossa paz e nossa segurança.

Mas o tempo da omissão, que é um pecado social e uma ilegalidade, acabou. Com a força da lei, a coragem de nossas ancestrais e a união que nos define, somos chamados a desmantelar esse pacto de conivência que fere a dignidade de cada filha de Deus. Este é um guia de ação, um mapa para que saibamos nossos direitos e para que as empresas entendam, de uma vez por todas, suas obrigações morais e legais.

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Temos certeza de que a AGU e a Presidencia da República, ao serem intimados pelo STF, irão pedir ao LULA, autorização para o Governo ficar do lado do povo afro e das mulheres, no tema das verbas eleitoriais. Que, da tribuna do STF, haja a defesa destes orgãos, dos direitos do povo negro e das mulheres.

 

Podemos avisar a nossa rede que vocês irão nos defender e não irão ficar ao lado dos PARTIDOS de DIREITA e de CENTRO?

 

Queremos nossos direitos reconhecidos pelo PT e contamos com o parecer da PRESIDÊNCIA e da AGU.

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A Educafro, em conjunto com outras lideranças do movimento negro brasileiro, marcou uma posição firme durante o evento internacional "Economia de Francisco", em Assis, na Itália. Em uma carta direta ao Papa Francisco, nossos representantes e aliados exigiram que a Igreja Católica assuma um papel de protagonismo no combate ao racismo sistêmico, uma barreira que impede a construção de qualquer economia verdadeiramente justa e fraterna.

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Todos os Partidos Políticos de Direita, Centro e Esquerda, que desviaram verbas eleitorais do povo afro e de mulheres, precisam responder.

A EDUCAFRO Brasil e outras entidades, através do Partido REDE, entraram no STF com uma ADI 7419, contra todos os partidos. O Ministro Fachin acaba de pautar o julgamento em vista dos partidos politicos devolverem os DIREITOS do povo AFRO.

Foi incluído no calendário de julgamento do STF para o dia 22/10/2025, quarta-feira, 14 horas!

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Temos fotos, frases de efeito, mas, nos bastidores, lidamos com o racismo institucional incansável

 

Protesto contra o racismo no desfile da Beija-Flor em 2023 — Foto: Domingos Peixto

No dia 13 de maio de 2022, ingressei com uma ação contra o Estado brasileiro, em nome da Educafro, pelo racismo praticado contra a população negra. Nela, com um grupo multidisciplinar, consegui expor as diversas formas como o Brasil reproduzia e aprofundava os prejuízos a essa parcela de seu povo, usando História, economia e psicologia para apontar as irregularidades.

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Cármen Lúcia dá cinco dias para Congresso e Planalto explicarem mudanças na Lei da Ficha LimpaA EDUCAFRO Brasil e demais entidades, agradecem ao Partido REDE, por emprestar seu nome ao movimento social, para lutar contra os politicos, de todos os partidos, que querem desmontar a lei da ficha limpa - conquista do povo!

EDUCAFRO Brasil e demais entidades

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Ministra é relatora de ação apresentada pela Rede ao STF; Partido questiona normaRead more

Cuidar de Nossas Rainhas: Reparação, Afeto e o Aquilombamento pela Saúde da Mulher Negra

“Mulheres negras têm colo para todo mundo, mas fica a pergunta: quem tem colo para elas?”

Esta questão, levantada em um vídeo que circula em nossas redes, não é retórica. É um diagnóstico preciso de uma crise silenciosa e secular. Historicamente, a mulher negra no Brasil foi colocada no papel de cuidadora universal: a base da família, o esteio da comunidade, a força motriz que sustenta gerações inteiras, muitas vezes sozinha. Enquanto oferecem seu colo, força e sacrifício, seus próprios corpos e mentes adoecem pela negligência de uma sociedade que se acostumou a ser servida por elas, mas que raramente serve a elas.

Cuidar de nossas mães, irmãs, parceiras e amigas não é um favor. “Não é mimo, é reparação. É compromisso com a vida”.

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ATO INÉDITO: Entidades abrem, no STF, 5 ações em defesa dos pobres

Várias instituições, inclusive a EDUCAFRO Brasil, fizeram algo inusitado, que nenhuma grande instituição do BRASIL teve coragem de fazer: abrir, no STF, 5 ações, ao mesmo tempo, em defesa dos direitos da população brasileira. Este trabalho foi um ato de colocar nosso saber a serviço do Reino de DEUS, é a missão de toda pessoa de FÉ!

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