A Fênix Negra e a Liberdade Frágil - Rememorando O Abolicionista Luiz Gama
Agosto é o mês em que celebramos a memória do nosso patrono, Luiz Gama, um farol de estratégia e coragem. Para honrar seu legado, iniciamos hoje uma série de artigos que, nesta edição, caminhará lado a lado com uma das mais importantes produções sobre sua vida: a temporada "O Plano", do podcast História Preta.
Imagem gerada por IA simbolizando a chegada de Luiz Gama aos 17 anos no Cais do Valongo
Para entender o gigante, é preciso conhecer o menino. A história de Gama começa nas ruas vibrantes e complexas de Salvador. Ele nasceu em 21 de junho de 1830 na Rua do Bângala, no coração da cidade, uma região de intensa atividade da população negra livre e escravizada. Como ele mesmo descreveria anos mais tarde em sua célebre carta autobiográfica a Lúcio de Mendonça, ele era filho de Luiza Mahin, “negra, africana livre, da Costa da Mina (...) pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã”.
Sua história, como o podcast História Preta brilhantemente narra em seu primeiro episódio, é a de uma "Liberdade Frágil". Nascido livre, Luiz Gama não deveria conhecer o cativeiro. No entanto, a traição de seu próprio pai, um fidalgo português que o vendeu como escravo aos 10 anos para pagar uma dívida, revelou uma verdade brutal: no Brasil escravocrata, a liberdade para o nosso povo era um estado precário, constantemente sob ameaça.