O Silêncio que Adoece a Alma: Um Chamado à Justiça e à Dignidade no Ambiente de Trabalho
Minhas irmãs, especialmente a vocês, mulheres negras, que realizam jornadas diárias em espaços que não foram construídos para acolher sua plena dignidade. Falemos com a clareza do Evangelho e a força da Constituição sobre o ambiente de trabalho, um lugar onde estruturas de poder e preconceito se entrelaçam para criar um campo minado de violências que ferem o corpo e a alma.
Um espaço que, para nós, muitas vezes exige uma armadura extra. Onde nossa competência é testada em dobro, enquanto nossas vozes são silenciadas. A cultura do silêncio corporativo, frequentemente regida por uma fraternidade mal compreendida que protege os seus em vez de proteger a verdade, torna-se ainda mais densa quando a vítima é uma de nós. O custo disso é a nossa saúde, nossa paz e nossa segurança.
Mas o tempo da omissão, que é um pecado social e uma ilegalidade, acabou. Com a força da lei, a coragem de nossas ancestrais e a união que nos define, somos chamados a desmantelar esse pacto de conivência que fere a dignidade de cada filha de Deus. Este é um guia de ação, um mapa para que saibamos nossos direitos e para que as empresas entendam, de uma vez por todas, suas obrigações morais e legais.
NOSSOS CORPOS IMPORTAM! PARE O GENOCÍDIO NEGRO E O ENCARCERAMENTO EM MASSA!
E aí, família da Educafro! Firmeza na caminhada?
A gente fala de educação, de empreendedorismo, de saúde, de cultura, de terra e de comida na mesa. E tudo isso é vital! Mas não dá pra falar de futuro e ascensão sem encarar a chaga aberta que nos sangra todos os dias: a violência policial, o racismo no sistema de justiça e o encarceramento em massa que atinge principalmente os nossos.
Sônia Maria de Jesus: A Sentença da Casa-Grande: O Estado que Resgata com uma Mão e Abandona com a Outra
O caso de Sônia Maria de Jesus é uma ferida exposta na alma do Brasil. Não é apenas a história de uma mulher negra, surda e com visão monocular resgatada após 40 anos de servidão; é a materialização da falência de um projeto de nação e um divisor de águas para o futuro da luta antiescravista no país. A recente carta emitida pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU, detalhada pelo portal NSC Total, eleva a vergonha nacional a um patamar global. A ONU pergunta o que o Brasil está fazendo. A resposta, infelizmente, está na própria trajetória de Sônia: muito pouco, e de forma terrivelmente contraditória.
Mãe Bernadete Pacífico: A Lei dos Homens, a Justiça dos Ancestrais e o Sangue de Nossos Líderes
Que as nossas palavras ressoem como o trovão da indignação e a sentença da verdade! Noticia o jornal O Globo, em 12 de setembro de 2025, a captura de um sicário, um tal "Nove de Ouro do Baralho do Crime", um dos homens acusados de cravar 22 balas no corpo sagrado de Mãe Bernadete Pacífico. Celebra o Estado a queda de uma carta em seu baralho de horrores. E eu pergunto: que justiça é esta, que só age sobre o sangue derramado e nunca para proteger a vida que pulsa?
A Fênix Negra e a Liberdade Frágil - Rememorando O Abolicionista Luiz Gama
Agosto é o mês em que celebramos a memória do nosso patrono, Luiz Gama, um farol de estratégia e coragem. Para honrar seu legado, iniciamos hoje uma série de artigos que, nesta edição, caminhará lado a lado com uma das mais importantes produções sobre sua vida: a temporada "O Plano", do podcast História Preta.
Imagem gerada por IA simbolizando a chegada de Luiz Gama aos 17 anos no Cais do Valongo
Para entender o gigante, é preciso conhecer o menino. A história de Gama começa nas ruas vibrantes e complexas de Salvador. Ele nasceu em 21 de junho de 1830 na Rua do Bângala, no coração da cidade, uma região de intensa atividade da população negra livre e escravizada. Como ele mesmo descreveria anos mais tarde em sua célebre carta autobiográfica a Lúcio de Mendonça, ele era filho de Luiza Mahin, “negra, africana livre, da Costa da Mina (...) pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã”.
Sua história, como o podcast História Preta brilhantemente narra em seu primeiro episódio, é a de uma "Liberdade Frágil". Nascido livre, Luiz Gama não deveria conhecer o cativeiro. No entanto, a traição de seu próprio pai, um fidalgo português que o vendeu como escravo aos 10 anos para pagar uma dívida, revelou uma verdade brutal: no Brasil escravocrata, a liberdade para o nosso povo era um estado precário, constantemente sob ameaça.





