Esperança Garcia e a Revolução da Caneta: O Legado das Mulheres Negras no Direito Brasileiro

No dia 15 de dezembro, o Brasil celebra o Dia da Mulher Advogada Negra. Esta data não é apenas um marco no calendário; é o reconhecimento de uma luta secular pelo direito de defesa, de voz e de existência. A data homenageia Esperança Garcia, uma mulher que, muito antes de existirem faculdades de Direito no Brasil, utilizou a escrita como ferramenta jurídica para desafiar o sistema escravocrata.

Neste artigo, a Educafro Brasil resgata a memória dessa precursora e celebra as juristas negras que, hoje, ocupam tribunais, academias e defensorias, transformando o sistema de justiça brasileiro.

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Da Cela à Cidadania: Um Plano de Emergência Contra o Encarceramento em Massa e Pela Ressocialização da População Negra

Não podemos mais aceitar o sistema prisional brasileiro como um "depósito de gente". Para a população negra, o cárcere não é apenas uma punição; é uma máquina de moer futuros, desestruturar famílias e perpetuar a pobreza. O diagnóstico já foi feito: vivemos um Estado de Coisas Inconstitucional. Agora, precisamos passar da denúncia para a ação tática.

Apresentamos abaixo uma estratégia para garantir que a lei saia do papel e que a dignidade negra seja respeitada, dentro e fora das grades.


1. O Mapa das Violações: O Que Está Sendo Quebrado?

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Santa Catarina Contra a Constituição: Educafro Exige Veto Imediato ao Fim das Cotas ou Irá ao STF

A Educafro Brasil não negocia direitos conquistados. Diante da aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 753/2025 pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), que visa proibir a aplicação de cotas étnico-raciais em instituições estaduais de ensino superior, a nossa resposta foi rápida e contundente.

Nesta sexta-feira, 12 de dezembro, enviamos uma Carta Aberta ao Governador Jorginho Mello, exigindo o veto total a esta medida que classificamos como um retrocesso histórico e uma afronta direta à Constituição Federal.

A Inconstitucionalidade Flagrante: Por Que o PL 753/2025 é Nulo?

Na carta, assinada por Frei David Santos, expomos as falhas jurídicas gritantes do projeto aprovado pelos deputados catarinenses. Não se trata de opinião, mas de lei:

  1. Violação da Competência da União: O projeto fere o pacto federativo. A Constituição Federal (art. 22, XXIV) estabelece que compete privativamente à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Um estado não pode criar uma lei que contrarie a lógica da Lei de Cotas Federal (Lei nº 12.711/2012), que é a norma geral para o país.

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O Voto de Zanin e a Cegueira Seletiva: Por Que a Anistia aos Partidos é um Golpe na Democracia Racial?

O Supremo Tribunal Federal está, neste momento, decidindo o futuro da representatividade política no Brasil. E o sinal dado pelo relator, Ministro Cristiano Zanin, é alarmante. Ao votar pela validação da anistia a partidos políticos que descumpriram a cota mínima de recursos para candidaturas negras e de mulheres, Zanin não apenas profere um voto técnico; ele revela uma postura jurídica que, sob o manto da "estabilidade institucional", sacrifica a reparação histórica.

O Perfil de Zanin: Legalismo x Realidade Social

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30 Anos de Litigância Estratégica: Onde Estão e Quais os Impactos das Ações da Educafro no STF

A história do movimento negro brasileiro nas últimas décadas não foi escrita apenas com suor e protesto nas ruas, mas também com a tinta da caneta nos tribunais. A Educafro Brasil, sob a liderança de Frei David Santos, compreendeu cedo que a "" – o uso do sistema judicial para provocar mudanças sociais profundas – era uma ferramenta indispensável.

Fomos ao Supremo Tribunal Federal (STF) não para pedir favores, mas para exigir o cumprimento da Constituição. Hoje, apresentamos um balanço institucional das principais ações que patrocinamos ou nas quais atuamos como Amicus Curiae (Amigos da Corte), e como elas mudaram a vida de milhões de brasileiros.

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O Diagnóstico Está Feito, Agora Exigimos a Cura: Análise do Relatório sobre Racismo nas Plataformas Digitais

Em dezembro de 2025, o Governo Federal, através de uma parceria entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a Secretaria de Comunicação Social (Secom) e a Secretaria-Geral da Presidência, publicou o Relatório da Consulta Pública sobre o Combate ao Racismo nas Plataformas Digitais.

Este documento é um marco importante, pois oficializa o que o movimento negro denuncia há anos: a internet não é um território neutro; é um campo de batalha onde algoritmos e moderações falhas perpetuam a violência contra nossos corpos e nossas crenças. No entanto, para a Educafro Brasil, um relatório não é o ponto de chegada, é apenas o início de uma cobrança que deve ser implacável.

A Importância e o Impacto do Documento

O relatório sistematiza 86 contribuições de ativistas e organizações da sociedade civil , organizadas em oito eixos fundamentais que vão desde as formas de violência até a responsabilização das plataformas.

Sua maior importância reside no reconhecimento oficial de conceitos que antes eram ignorados pelo Estado:

  • Necroalgoritmização: O relatório acolhe a denúncia de que algoritmos decidem quem "vive" e quem "morre" digitalmente, promovendo apagamentos simbólicos e materiais de grupos vulnerabilizados.

  • Racismo Religioso e Ambiental: Reconhece que a tecnologia impacta desproporcionalmente Povos de Terreiro e Quilombolas, seja pela violência simbólica online ou pelo custo ambiental da infraestrutura de IA.

  • O Fracasso da "Neutralidade": O texto admite que os protocolos race-blind (cegos à cor) das Big Techs falham ao ignorar a especificidade do racismo estrutural brasileiro.

A Crítica da Educafro: Representatividade e Urgência

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Negros no Poder: Juízes Debatem o Racismo e Mostram que o Lugar de Decisão Também é Nosso

Muitas vezes, quando entramos em um tribunal ou vemos notícias sobre justiça na TV, é difícil encontrar rostos que se pareçam com os nossos. Mas isso está mudando. E precisa mudar mais rápido.

Nesta semana, Brasília foi palco de um encontro histórico. Juízas e juízes negros de todo o Brasil se reuniram na casa de uma das cortes mais altas do país para dizer: "Nós existimos, estamos aqui e precisamos mudar a forma como a justiça trata o povo negro".

Abaixo, reproduzimos a matéria do portal G1 que noticiou este evento, para que você entenda a importância do que está acontecendo.


A Notícia na Íntegra

Fonte: G1 / TV Globo – Por Filipe Matoso Data: 09/12/2025 Link Original: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/12/09/juizas-e-juizes-negros-debatem-racismo-no-judiciario-presidente-do-stj-pede-acoes-concretas.ghtml

Juízas e juízes negros debatem racismo no Judiciário; presidente do STJ pede ações 'concretas'

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O Poder da Voz Estudantil: Escola de Aplicação da USP Institui Protocolo Antirracismo Histórico

A educação antirracista não se faz apenas com discurso, mas com mecanismos institucionais sólidos de proteção e responsabilização. Em uma vitória significativa para o movimento estudantil negro, a Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP (FE-USP) lançou seu primeiro Protocolo Antirracismo, um documento que transforma o combate à discriminação em política oficial da instituição.

Esta conquista, noticiada pelo Jornal da USP em 08 de dezembro de 2025, nasce não da benevolência administrativa, mas da pressão legítima e organizada dos estudantes.

Da Indignação à Ação Institucional

O documento é fruto direto da mobilização do coletivo antirracista Blackout, formado por estudantes negros da escola. Em 2024, após o descontentamento com o encaminhamento frágil de uma denúncia de racismo, os estudantes realizaram protestos contundentes, expondo frases e situações vividas no ambiente escolar.

Como relata a reportagem de Silvana Salles para o Jornal da USP:

"Foi o descontentamento dos estudantes com o encaminhamento de uma denúncia de racismo que levou a Escola de Aplicação [...] a elaborar seu primeiro Protocolo Antirracismo."

Antes, a escola operava com fluxogramas focados apenas em medidas educativas e conversas informais. O novo protocolo muda esse cenário drasticamente.

O Que Muda na Prática?

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Educação Antirracista em 2025: Entre a Lei e a Prática, o Caminho é a Mobilização

O ano de 2025 marca um momento decisivo para a educação no Brasil. Estamos debatendo o novo Plano Nacional de Educação (PNE) no Congresso e revisitando mais de duas décadas da Lei 10.639/03. No entanto, a pergunta que persiste é: por que, após tanto tempo, a implementação do ensino de história e cultura afro-brasileira ainda enfrenta tantas barreiras?

Um recente miniguia publicado pela Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação), de autoria de Lorrany Martins, lança luz sobre este cenário, trazendo dados cruciais sobre a desigualdade racial nas escolas e a situação da educação quilombola.

Abaixo, destacamos pontos fundamentais deste levantamento e ampliamos a discussão com o olhar da Educafro.

O Cenário Atual: Diagnóstico e Desafios

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Anuário 2025: O Mapa da Dor e a Bússola da Esperança – É Hora de Virar o Jogo!

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 foi lançado. Para muitos, é apenas um calhamaço de estatísticas. Para nós, povo preto, cada número tem nome, sobrenome, mãe que chora e sonho interrompido. Mas hoje, não viemos aqui apenas para lamentar. Viemos para convocar.

Os dados revelam que a estrutura racista do Brasil continua operando sua máquina de moer gente negra. No entanto, saber a verdade é o primeiro passo para a libertação. Se os números mostram que somos o alvo, eles também mostram o tamanho da nossa urgência em ocupar o poder e mudar a caneta que assina as leis.

O Que os Dados Gritam (E o Que Mudou em Relação aos Anos Anteriores)

Ao analisarmos o Anuário 2025 em comparação com as edições passadas, percebemos uma tendência que exige ação imediata:

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