imagem – arte desenvolvida com AI generica exclusivamente para ilustrar o artigo sem qualquer finalidade de reprodução 24/11/2025

A indicação de Jorge Messias para a vaga do Ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada pelo Presidente Lula justamente no dia 20 de novembro — Dia da Consciência Negra —, gerou reações imediatas e profundas em todo o movimento negro brasileiro.

O mal-estar não passou despercebido pela grande mídia. Em matéria publicada na coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, a jornalista Pâmela Dias destacou a insatisfação e a pressão das entidades por um diálogo real antes da sabatina.

Conforme noticiado pelo jornal:

“A indicação de Jorge Messias para o STF, feito por Lula exatamente no dia 20 de novembro, provocou forte mal-estar entre o movimento negro, que considerara a escolha — e sobretudo o timing — ‘inapropriados’ para a data simbólica e política do Dia da Consciência Negra. […] Coletivos que há mais de um mês pressionavam pela indicação da primeira mulher negra da história da Corte […] afirmam que o presidente ignorou a mobilização e optou por um nome de sua estrita confiança.”

A reportagem ainda ressalta a posição de outros coletivos e a nossa demanda ignorada:

“A Educafro, que em outubro enviou uma carta pedindo um jantar com 20 juristas negros — homens e mulheres — nunca recebeu resposta. E o movimento Mulheres Negras Decidem resumiu o sentimento: ‘O STF é guardião da Constituição, não um espaço para acomodar aliados.'”

Nossa Análise: Real politica e Estratégia

 

A Educafro Brasil traz uma análise sóbria sobre o cenário. Entendemos a real politica: qualquer presidente, em qualquer lugar do mundo, tende a escolher para a Suprema Corte pessoas de seu estrito círculo de confiança. O STF é, necessariamente, um tribunal político. E quando um governo tem minoria no Congresso, como é o caso agora, a necessidade de um aliado leal e próximo, como o Ministro da AGU Jorge Messias, torna-se, para o Presidente, uma questão de sobrevivência política.

O Problema Não é a Escolha, é o Círculo

 

No entanto, como apontado pela matéria do O Globo, a Educafro tem recebido “manifestações de todo o país criticando o anúncio feito no 20 de novembro”.

O ponto central da nossa crítica construtiva não é a competência de Messias, mas a falta de diversidade no círculo íntimo do poder. Não conhecemos nenhuma mulher negra ou homem negro com alto saber jurídico que frequente, hoje, o círculo de convivência pessoal e política do Presidente Lula. E é exatamente isso que precisa mudar. Não se indica quem não se conhece.

Nossa Proposta: Quebrar o Gelo Antes da Sabatina

 

Por isso, a Educafro Brasil reforça o pedido que fez em carta enviada em outubro e ainda não respondida, agora ecoado pela imprensa nacional: um jantar no Palácio da Alvorada, antes da sabatina de Messias no Senado.

Propomos um encontro com:

  • 10 mulheres afro-brasileiras de notável saber jurídico;

  • 10 homens afro-brasileiros de igual excelência;

  • 10 lideranças históricas do movimento negro.

Acreditamos que este gesto simples quebraria o gelo e seria o mínimo para “estabelecer pontes”. Lula teria o privilégio de expandir seu círculo de amizade com a diversidade e a excelência negra que o Brasil produz, mas que a política insiste em ignorar.

A ODS 18 na Prática

 

O Presidente Lula lançou na ONU a ODS 18 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de Igualdade Étnico-Racial). Temos certeza de que ele é inteligente e sensível o suficiente para perceber que pregar a igualdade no mundo exige praticá-la em casa, no seu próprio círculo de convivência.

Como lembra o jornal O Globo, “se ninguém antecipar a aposentadoria, uma nova vaga só surgirá em abril de 2028”. Não podemos esperar. O momento de construir pontes e apresentar os juristas negros que poderão ser os futuros ministros e ministras do STF é agora.

Senhor Presidente, o convite para o jantar está na mesa. A comunidade negra aguarda sua resposta.

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Redação: O artigo consolida informações e matérias que repercutiram sobre o assunto devidamente creditadas aqui, não reproduz falas, posicionamento ou práticas adotadas pela Educafro Brasil